Esta ida a Ilha na data da Colheita das Flores foi muito intensa e cheia de sentimentos e sensações distintas para mim. Primeiramente, visitar esta localidade depois de tanto tempo acompanhada de pessoas que ainda não haviam estado lá...
Por vezes, me descobri revelando informações sobre o lugar para estes novos curiosos que embarcavam na nossa aventura e como eu estava sabendo 'coisas'! Me sentia, confesso, um pouco 'pertencente' ao lugar e isto devido ao fato de que além do tempo que trabalhei lá, a convivência com as pessoas e recepção dos moradores me passavam uma sensação acolhedora, como se eu estivesse em casa. E em outros momentos, parecia que estava indo lá pela primeira vez, sempre descobrindo coisas novas ao lado de todo o grupo!
Quando conversávamos com Isair, sobre a 'Flor da Saudade', falávamos sobre essa cultura que somente os mais velhos conhecem. Poucos jovens sabem a respeito das histórias da localidade e poucos demonstram interesse em conhecer. Isair, que nasceu na Ilha, nos relatava que já houveram mais de 8 mil habitantes por lá.. e hoje, encontramos pouco mais de 1 mil... Isto me fez refletir sobre um fato que, por maior que seja sua obviedade, me deixa um pouco triste. Os moradores sobreviviam da agricultura, da pesca, cultivo de flores e cultivavam parreiras para a produção de vinho e jeropiga. Segundo Seu Antônio, morador antigo da comunidade, os filhos aprendiam com os pais e seguiam trabalhando para obter o sustento da família e, desta forma, o s pais depois de tanto trabalhar poderia enfim descansar. Hoje, a situação é diferente. Os filhos não vêem futuro nestas atividades e seguem outros caminhos partindo para poder estudar. Saem cedo da Ilha e seus pais seguem trabalhando arduamente. Eles continuam sobrevivendo destas atividades, mas em uma escala muito menor.
Com estes jovens partindo a Ilha dos Marinheiros será desabitada aos poucos..
E todos nós perdemos com isso.
Ilha dos Marinheiros: um lugar cheio de riquezas, em cada detalhe escondido.
Acredito que isto seja um processo natural, mas é tão importante preservar suas histórias e particularidades. Manter viva a memória daqueles que constituem/constituíram o lugar.
Neste ponto, destaco o trabalho de Anna Morrison, com seu livro "A Ilha dos Três Antônios" (que encontra-se na bibliografia do projeto) e agradeço e parabenizo a Teresa Lenzi (coordenadora e orientadora do presente projeto) pela iniciativa de escrever este projeto, preocupando-se com 'os modos de ver' particulares de cada um - neste caso, o ponto de vista dos moradores da comunidade - e pela oportunidade de poder desenvolvê-lo ao seu lado, aprendendo e descobrindo tantas coisas.
Sei que esta história não irá se perder, mas para isso precisamos seguir trabalhando muito!
E para isto, seguimos!!
Abaixo deixo algumas imagens que revelam um pouco desta aventura...
O grupo descobrindo particularidades da natureza. Fotografia: Marcos Guimarães
O movimento da natureza. Fotografia: Roberta Cadaval
A colheita das flores. Fotografia: Bruno Costa
Bela Rosa. Fotografia: Rhozaura Dias
Tudo Rosa. Fotografia: Rhozaura Dias
Arranjo. Fotografia: Roberta Cadaval
Cláudio e registro de Bruno. Fotografia: Roberta Cadaval